30 agosto, 2010
o gp da bélgica
É normal que algumas carolas sempre classifiquem que os bons tempos das corridas de automóveis sejam localizados em algum ponto imaginário do "antigamente", alternando idealizações tolas ou memórias suavizadas pelo tempo de provas realizadas nas décadas de 50, 60, 70, 80, e, pachorra maioral, 90. Não importam as mortes, as limitações técnicas ou o amadorismo, a visão romântica faz com que o ontem sempre pareça lindo, puro e belo. As provas chatas, as bobagens, os problemas e os vexames sempre são ignorados das lembranças, das crônicas e dos livros, que de dedicam a retratar os heróis e os grandes feitos de um tempo que não volta mais - e provavelmente nunca existiu de verdade.
Ainda que a F1 dos últimos anos esteja especialmente interessante com o aparecimento de diversos talentos e um regulamento que pretende aumentar a competitividade a - literalmente - todo custo, nenhum show resiste a pistas com traçados tediosos e que impedem ultrapassagens como Abu Dhabi ou Cingapura, por exemplo, um marco negativo desta geração.
Então sempre é um deleite ver uma corrida em Spa-Francorchamps, uma pista "à moda antiga" de 7 km de extensão formada por três estradinhas perdidas no meio da Bélgica. Subidas, descidas, retas imensas, curvas fechadas e clima temperamental, um pacote perfeito para qualquer corrida que pretenda entrar para a história.
Num palco como este os carrinhos que protagonizam uma categoria que os carolas chamam se "chata" se transformam em animais que descobrem caminhos que geralmente eles evitariam passar - Hamilton, que ganhou a prova depois de fazer um passeio pela brita por estar andando de pneus lisos na chuva, que o diga - e resgatam aquele velho heroísmo dos pilotos, que só dá as caras em traçados clássicos como Interlagos, Monza, San Marino ou Mônaco, por exemplo.
Os árabes, russos, coreanos e indianos que deverão receber a F1 nos próximos anos certamente têm seus bolsos forrados por quantidades impressionantes de dinheiro, que os permitem levantar as mais modernas construções que um humano pode imaginar. Entre shows de luzes no meio da areia em volta de um asfalto branco que não vê a cor de um único pneu durante todo o ano, prefiro os fins de mundo que sabem respirar corridas do jeito certo, e que fazem com que a F1 honre sua tradição e cale de uma vez por todas os tolos que só sabem olhar para trás.
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