Há um tempo escrevi um texto em que expressava minha admiração pelo narrador Galvão Bueno, aquele que considero ser o melhor do país. Pela irrelevância de meu blog, o texto era mais uma carta de compromisso que pretendia guardar para momentos especiais - como este - do que uma expressão pública de afeto pelo sujeito. Que, aliás, eu gosto mesmo, de verdade, de coração.
É fato público e geral que durante a cerimônia de abertura da Copa o termo "CALA BOCA GALVAO", assim, todo em caixa alta e sem o til, chegou ao topo da lista dos termos mais mencionados no Twitter, atual termômetro de tendências que guia a web e a imprensa em geral (hey, isso foi uma crítica). Então os gringos ficaram confusos e os brasileiros resolveram sacanear falando para todos que o caso era uma campanha para se salvar uns tais pássaros Galvão, bichos fictícios que eram mortos por conta de suas penas durante o carnaval. O assunto teve tanta notoriedade que teve que ser explicado no New York Times, El País e outros jornalões estrangeiros por aí. Na hora foi engraçado, agora não é mais.
Durante a sessão classificatória do GP do Brasil caiu um temporal pesado que atrasou a entrada dos carros na pista por nada menos do que duas horas e meia e durante todo este tempo a transmissão da TV - com imagens geradas pela FIA - se resumiu a imagens da água caindo na pista, das pessoas de molhando nas arquibancadas e dos pilotos e membros de esquipes assustados com os humores do clima paulista. E durante estes longos cento e cinquenta minutos Galvão ficou lá, usando todo seu imenso jogo de cintura para não deixar a bola cair. Falou, contou histórias dos velhos tempos, relembrou antigas disputas acontecidas na pista brasileira, falou, falou e falou, como tantos conseguem fazer nessas situações.
Essa semana, Galvão falou até a respeito do prank CALA BOCA GALVAO, alguma coisas como "Quando se entra na casa de tanta gente, é normal que esse tipo de coisa aconteça. É uma demonstração de carinho. Estou com os pássaros Galvão e não abro", em um tom verdadeiramente animado. No Brasil talvez somente o Silvio Santos teria tamanha presença de espírito para lidar com uma situação dessas com tamanha desenvoltura e desprendimento. Sujeitos como Datena, Ratinho ou Milton Neves provavelmente protaginizariam faniquitos históricos em rede aberta de TV.
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