Até o momento da largada esperava-se uma vitória fácil de Vettel como sequência lógica do confortável domínio do alemão na sessão classificatória e treinos livres. Desde a largada seguido de perto por Hamilton, o piloto da Red Bull não resistiu à pressão do inglês na volta 42, quando cedeu a liderança e seguiram assim até a bandeirada, com Alonso fechando o pódio.
A prova emocionante que se esperava para o instigante Circuito das Américas não aconteceu. A Pirelli enviou compostos resistentes demais para o GP, fazendo com que a corrida tivesse uma dinâmica parecida com a que existia antes de sua entrada na F1, quando apenas uma entrada nos boxes era a coisa mais normal do mundo.
Depois da largada, não aconteceram muitas ultrapassagens, nem qualquer tipo de acidente ou incidente digno de nota. Nenhuma asinha quebrada, nenhum pneu furado em toque, nada. Nada. Mas o carro de Mark Webber saiu da prova por causa de problemas no alternador quando o piloto estava mais do que confortável na terceira colocação, coisa realmente assustadora para a escuderia austríaca nessas alturas do campeonato.
O caso mais interessante da prova aconteceu fora da pista. No sábado, Felipe Massa se classificou na frente de Fernando Alonso na tabela de classificação e a Ferrari deliberadamente violou o lacre a caixa de câmbio do brasileiro para forçar uma punição de 5 colocações no grid e assim "otimizar a posição de largada" do espanhol. Não é teoria da conspiração, eles usaram exatamente esse argumento no release enviado à imprensa.
Se fosse um personagem literário, a Ferrari seria o antagonista que conquistou glórias no passado e hoje não se furta em fazer qualquer coisa, por mais moralmente condenável que seja, em benefício próprio. Um personagem inconcebível e insustentável, se não fosse real.
E, infelizmente, sustentado por um séquito de fãs que têm suas motivações mais alimentadas pelo marketing da escuderia do que por sua história ou feitos dentro da pista. Afinal, como um "mito" pode despertar admiração sendo amoral, desonesto e antidesportivo? Se mesmas posturas fossem adotadas por qualquer outra equipe, ela seria a inimiga número 1 da audiência.
(…) Agora, qualquer que seja o rótulo que se dê ao fã, verdade é que ele não gosta de ser enganado. Então, quando uma equipe como a Ferrari manipula resultados e expõe ao ridículo alguns de seus pilotos, ela tão somente está contribuindo para destruir toda aquela aura de 'mundo mágico' que a F1 levou anos para construir. O mais louco é que, com isso, a categoria permite a afronta de seu principal consumidor."
Nota-se que, por serem tão eloquentes e bem escritas essas palavras não são minhas. Mas sim do jornalista Américo Teixeira Jr para a edição número 31 da revista Warmup, editada antes da realização da prova em Austin. Chamada "Uma F1 a caminho do precipício", basicamente fala como a categoria se estrangula e constrói as bases para seu próprio fim.
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